segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Crítica sobre "Hedda Gabler" no blog de André Gomes (O Dia)

terça-feira, 26 de junho de 2007

HEDDA GABLER: VILÃ OU VÍTIMA?


Atores e diretores têm um cacoete comum ao justificar a opção de montar peças escritas há muito tempo. No caso de ‘Hedda Gabler’, texto do século 19, do norueguês Henrik Ibsen, não foi diferente. Christine Fernandes, a protagonista, e o diretor Michel Bercovitch ressaltaram a atualidade da obra, avançando no discurso feminista de que as mulheres, ainda hoje, não estão em condições de igualdade com os homens nos jogos de poder da sociedade. Será? Antes que o leitor seja tomado pela preguiça diante do tema batido, um aviso: na encenação do fantástico texto de Ibsen em cartaz no Sesc Copacabana, não é isso que importa.

Há quem especule que Hedda é um alter-ego de Ibsen disfarçado em trajes femininos. Ela, como ele, queria libertar-se das convenções de uma sociedade repressora: recém-casada com um marido que não ama, faz o que pode para incendiar o cotidiano monótono a que está submetida. Seria má ou apenas vítima de si mesma? Na composição de Christine, salta aos olhos o caráter egocêntrico da personagem e sua total falta de generosidade. Sua Hedda é vilã, quase bruxa no lindo figurino preto de Marcelo Olinto, ora emoldurado por penhoir de mangas bufantes, mas acessível nas maldades. Neste sentido, é quase um Ripley de saias, ou Blanche Dubois, tivesse Blanche se casado. Digna de pena, não de censura.

Bercovitch divide a elegante direção com Floriano Peixoto com belas soluções cênicas, como o uso de quatro cortinas que, fechadas, explicitam o sufocamento de Hedda. A linda luz de Adriana Ortiz ajuda na condução dramática de um espetáculo que se mostra como um duelo: a riqueza de subtextos é grande, o que divide o elenco. Se Christine compõe uma Hedda firme e pouco vacilante, Erom Cordeiro parece não saber o que fazer de seu Eilert Lovborg – com isso a cena de confronto entre o ex-casal perde muito. No papel do marido, Otto Jr. faz bem o tipo inicialmente omisso. Miriam Freeland é outra que se destaca como a Sra. Elvsted, funcionando como contraponto a Hedda, que a inveja pela coragem, enquanto Carlos Gregório empresta humor – talvez um pouco acima da medida – ao juiz. Conselho antes de julgar Hedda: no lugar dela, pense no que seria capaz de fazer.


fonte: http://odia.terra.com.br/blog/andregomes/200706archive001.asp

2 comentários:

Anônimo disse...

Que boa crítica!pelas fotos dá pra perceber que o espetáculo foi grandioso!!!fico encantada por ler isso.Confio muito no trabalho magistral da Chris.
Obrig mais uma vez pela nota aqui SEMPRE muito bem colocada...no blog "certinho",perfeitinho.
Bjus!!!

Anônimo disse...

lindas fotos
blogger sempre se superando